sábado, 28 de setembro de 2019

A abdução de Luíza



Luíza estava do lado de fora de casa e observa uma luz bem acima de sua cabeça. Ela tinha certeza que, a luz que via, vinha de uma nave extraterrestre. Ela consegue sair do foco de luz, mas continua observando-a. De repente algo consegue passar pela luz descendo devagar, como que flutuando, até o chão. Um ser do tipo humanoide - com dois braços, duas pernas e cabeça - mas claramente um extraterrestre daqueles do tipo que a gente viu na tevê. O humanoide a observa como que curioso e Luíza, que não consegue ficar calada em hora nenhuma, fala:
- Quem pode mais Deus?
- Que pode mais que o quê?
- Deus.
- O que é Deus?
- Criador do céu e da terra, aquele que está aqui e está ali, em todos os lugares ao mesmo tempo. O que a gente chama de onipresença, e também aquele que sabe de tudo. A gente chama isso de onisciência.
- Não, nunca ouvi falar.
- Vocês não têm um ser supremo que na hora de um grande medo vocês digam: meu Deus! Ou na hora do perigo, vocês digam: Deus me ajude ou Deus me livre!? Tipo isso.
- Ah, então você deve estar falando do Thora. É... É uma lenda antiga de onde vim.
- Que seja!
- Então, não.
- Então "não", o quê?
- A resposta da sua primeira pergunta.
- Ah é, tinha até esquecido. Mas o que que você veio fazer aqui?
- Ah é, eu tinha até esquecido. Enfim, eu vim abduzi-la.
- Ab-- o quê? Olha, eu tenho um compromisso, então, não vai dar.
- Compromisso? Mas isso aqui não é um encontro que se pode desmarcar. Eu vou sequestrar você.
- É? E porque eu? Não tinha outra pessoa na terra inteira que você pudesse levar no meu lugar?
- Olha, veja só, eu estou com um pouco de pressa...
- É sério que você revirou os olhos quando disse isso? Olha, eu não sou do tipo “boa para ser abduzida”, sabe?
-Por que?
- Bom, eu sou uma mulher que... – pensou muito. Pensou mais. – Quer saber, vai ser uma perda de tempo, tá? Meu corpo não tá lá essas coisas e se for me levar para reprodução, já não posso ter filhos. É isso.
- Não é o que o tricorder diz aqui.
- É? E o que este filho da puta tá dizendo?
- Que você é perfeita! Tem ótimas condições de saúde, bebe moderadamente, não fuma e, inclusive, não tem relações sexuais há algum tempo.
- Ah, fofoqueiro das galáxias de uma figa. Até lá o povo sabe que eu não trepo há um tempão. Olha aqui, se eu não dou é porque eu não quero, tá?
- Mas para “dar” precisa-se de um “encontro”, não?
Ele tinha razão? Pensou um pouco mais... - Fala de marcar um encontro antecipadamente, não é?
- Não. Falo de encontrar alguém, mesmo sem ter marcado.
Filho da p...
– Bom, pois fique sabendo que nem hoje, nem nunca terá abdução com esta pessoa que vos fala.
- Ah, qual é? Você não vai fazer nada hoje à noite – choramingou o et. – Você é perfeita para o que nós queremos.
- Vai ter outras pessoas e eu digo homens, e eu digo bonitos lá também?
- Hum, não. Vai ser... o que vocês chamam de festa “privê”.
-Ah, fala sério! Uma suruba intergaláctica só com homenzinhos verdes e... e nem sei se eles têm pinto! Aí meu Deus! Uma imagem está se formando na minha cabeça: um monte de anõezinhos magricelas batendo os cabeções e esfregando suas virilhas umas nas outras. Greys não tem pinto! – Luíza tem uma crise de risos, se contorce perdendo o ar e lágrimas escorre pela face vermelha. Ela bate a mão na parede como que pedindo para pararem de fazer cocegas. – Ai-meu-Deus!! Ai, para, para! Eu não aguento – buscava o ar com força.
Luíza percebeu que o humanoide não esboçava reação alguma, mas ainda assim, não consegue se conter. Ela agora estava de joelhos, implorando para aquela imagem sumir de sua cabeça. Entretanto, depois de algum tempo, a face de Luíza foi desvanecendo, ficando mais séria. Ela se põe em pé e diz:
- Hum, as lésbicas fazem assim, né?
- Foi o que pensei.
- Pelo menos eles transam.
O et balança a cabeça concordando.
-Tá, eu vou, mas antes vamos passar num fast food, na farmácia e depois no sex shop. Se for pequeno de qualquer forma, eu me distraio com um de plástico.