Luíza estava do lado de fora de casa e
observa uma luz bem acima de sua cabeça. Ela tinha certeza que, a luz que via,
vinha de uma nave extraterrestre. Ela consegue sair do foco de luz, mas
continua observando-a. De repente algo consegue passar pela luz descendo devagar,
como que flutuando, até o chão. Um ser do tipo humanoide - com dois braços,
duas pernas e cabeça - mas claramente um extraterrestre daqueles do tipo que a
gente viu na tevê. O humanoide a observa como que curioso e Luíza, que não
consegue ficar calada em hora nenhuma, fala:
-
Quem pode mais Deus?
-
Que pode mais que o quê?
-
Deus.
-
O que é Deus?
-
Criador do céu e da terra, aquele que está aqui e está ali, em todos os lugares
ao mesmo tempo. O que a gente chama de onipresença, e também aquele que sabe de
tudo. A gente chama isso de onisciência.
-
Não, nunca ouvi falar.
-
Vocês não têm um ser supremo que na hora de um grande medo vocês digam: meu
Deus! Ou na hora do perigo, vocês digam: Deus me ajude ou Deus me livre!? Tipo isso.
-
Ah, então você deve estar falando do Thora. É... É uma lenda antiga de onde
vim.
-
Que seja!
-
Então, não.
-
Então "não", o quê?
-
A resposta da sua primeira pergunta.
-
Ah é, tinha até esquecido. Mas o que que você veio fazer aqui?
-
Ah é, eu tinha até esquecido. Enfim, eu vim abduzi-la.
-
Ab-- o quê? Olha, eu tenho um compromisso, então, não vai dar.
-
Compromisso? Mas isso aqui não é um encontro que se pode desmarcar. Eu vou
sequestrar você.
-
É? E porque eu? Não tinha outra pessoa na terra inteira que você pudesse levar
no meu lugar?
-
Olha, veja só, eu estou com um pouco de pressa...
-
É sério que você revirou os olhos quando disse isso? Olha, eu não sou do tipo “boa
para ser abduzida”, sabe?
-Por
que?
-
Bom, eu sou uma mulher que... – pensou muito. Pensou mais. – Quer saber, vai
ser uma perda de tempo, tá? Meu corpo não tá lá essas coisas e se for me levar
para reprodução, já não posso ter filhos. É isso.
- Não
é o que o tricorder diz aqui.
-
É? E o que este filho da puta tá dizendo?
-
Que você é perfeita! Tem ótimas condições de saúde, bebe moderadamente, não
fuma e, inclusive, não tem relações sexuais há algum tempo.
-
Ah, fofoqueiro das galáxias de uma figa. Até lá o povo sabe que eu não trepo há
um tempão. Olha aqui, se eu não dou é porque eu não quero, tá?
-
Mas para “dar” precisa-se de um “encontro”, não?
Ele tinha razão? Pensou um pouco mais... - Fala de
marcar um encontro antecipadamente, não é?
-
Não. Falo de encontrar alguém, mesmo
sem ter marcado.
Filho da p...
–
Bom, pois fique sabendo que nem hoje, nem nunca terá abdução com esta pessoa
que vos fala.
-
Ah, qual é? Você não vai fazer nada hoje à noite – choramingou o et. – Você é
perfeita para o que nós queremos.
-
Vai ter outras pessoas e eu digo homens, e eu digo bonitos lá também?
-
Hum, não. Vai ser... o que vocês chamam de festa “privê”.
-Ah,
fala sério! Uma suruba intergaláctica só com homenzinhos verdes e... e nem sei
se eles têm pinto! Aí meu Deus! Uma imagem está se formando na minha cabeça: um
monte de anõezinhos magricelas batendo os cabeções e esfregando suas virilhas umas
nas outras. Greys não tem pinto! – Luíza tem uma crise de risos, se contorce
perdendo o ar e lágrimas escorre pela face vermelha. Ela bate a mão na parede
como que pedindo para pararem de fazer cocegas. – Ai-meu-Deus!! Ai, para, para!
Eu não aguento – buscava o ar com força.
Luíza percebeu que o humanoide não
esboçava reação alguma, mas ainda assim, não consegue se conter. Ela agora
estava de joelhos, implorando para aquela imagem sumir de sua cabeça.
Entretanto, depois de algum tempo, a face de Luíza foi desvanecendo, ficando
mais séria. Ela se põe em pé e diz:
- Hum,
as lésbicas fazem assim, né?
-
Foi o que pensei.
- Pelo
menos eles transam.
O
et balança a cabeça concordando.
-Tá,
eu vou, mas antes vamos passar num fast food,
na farmácia e depois no sex shop. Se for pequeno de qualquer forma, eu me distraio
com um de plástico.